Paciente supera Covid-19 após passar aniversário no Hospital: “Entrei paciente e saí amigo”

A tosse seca e as dores de cabeça e no corpo acompanharam o engenheiro mecânico Valdir Souza dos Santos durante as duas semanas do seu enfrentamento contra a Covid-19. As adversidades físicas, no entanto, tiverem efeito reduzido sobre ele diante de sua maior luta: o aspecto psicológico. Longe da esposa, dos dois filhos e da enteada, ele se viu em uma angustiante situação de isolamento. Aos 62 anos de idade, Valdir chegou ao Hospital São Lucas da PUCRS no dia 25 de maio, após queixar-se com a esposa de dores intensas no fim de semana, que indicavam uma gripe. Antes mesmo de ter confirmada a presença do coronavírus, ele teve registrada uma opacidade em vidro na tomografia do tórax, que estava afetando diretamente o funcionamento dos pulmões. O quadro começou a ser tratado e as dores não se intensificaram, mas a insegurança começou a acompanhá-lo. “Fiquei assustado, pois mesmo idoso, não tinha nenhuma comorbidade, doença crônica ou problema cardíaco. Sempre fui saudável”, salienta. [video width="480" height="848" mp4="https://www.hospitalsaolucas.pucrs.br/wp-content/uploads/2020/08/vídeo.mp4"][/video] Os efeitos da pandemia no Rio Grande do Sul ainda não eram tão exponenciais e com o vazio da Enfermaria e da própria UTI, o sentimento de solidão era mais evidente. Mas Valdir encontrou o apoio que precisava. Médicos, enfermeiras, técnicos e profissionais da limpeza passaram a ocupar um espaço especial nos seus dias, minimizando a saudade. “A sensação que eu tinha é que a equipe sentia tudo junto comigo, como uma família. A palavra que resume o cuidado que recebi é empatia”, recorda. A parceria da equipe ressignificou uma data especial que o engenheiro jamais esperou passar em um Hospital: o seu próprio aniversário. “Foi um dia que tinha tudo para ser triste, mas de alguma forma ficou mais leve. O grupo de apoio cantou parabéns em volta do meu leito, me entregou um bolinho e fez com que eu me sentisse abraçado. Ali eu percebi que havia entrado paciente e sairia amigo”, celebra. O amparo veio em boa hora e impulsionou a recuperação final, que no dia 8 de junho culminou com a tão esperada alta. O retorno foi celebrado por toda família, que até então não havia se deparado de forma tão próxima com a doença, e pode se reaproximar. “Eu saí pisando ovos, porque a minha preocupação maior sempre foi proteger a minha família. Fiquei com medo de passar algo para a minha esposa e para a minha enteada, que tem problemas respiratórios. Mas deu tudo certo”, afirma. Aos poucos, o aposentado retomou suas atividades e passou a olhar com mais carinho e atenção para os projetos que havia engavetado, sem medo de que a zona de conforto atrapalhasse seus desejos. “Hoje tenho uma visão mais tranquila da vida e da morte. Essa experiência me ajudou a repensar muitas coisas. Vou focar em fazer o que gosto e acima de tudo, aproveitar o tempo com as pessoas que amo. Aqui e agora.”, pondera.