HSL prepara reposicionamento para responder às novas necessidades de saúde da população gaúcha
Em período de negociação para renovar o contrato de prestação de serviços junto à Secretaria Municipal de Saúde, o Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) está reposicionando seu foco de atuação. Para garantir a relevância social e a sustentabilidade, estudos realizados em quase dois anos por consultorias e equipes internas apontam a necessidade de mudanças imediatas. Várias possibilidades estão sendo consideradas. Entre elas, a redistribuição de alguns atendimentos, que hoje acontecem no São Lucas, para outras instituições da rede de saúde do município, a partir dos indicadores da real necessidade da população. “As necessidades da população e da formação de profissionais, quando o hospital foi fundado, há mais de 40 anos, eram muito diferentes das necessidades que temos hoje. Essa mudança está exigindo uma adaptação em todo o sistema de saúde. Além disso, o modelo do Hospital, no cenário atual, se tornou insustentável. Para continuar oferecendo atendimento de qualidade à sociedade e formação de excelência precisamos de mudanças imediatas”, ressalta o Diretor-Geral do HSL, Leandro Firme. Os estudos apontam para uma reestruturação global que inclui, não somente revisão de serviços, mas de processos, estrutura física, e, especialmente, de modelo de atuação, retomando a vocação que é oferecer atendimento de excelência e ser campo de ensino e pesquisa de ponta. Novos cenários da saúde exigem novas respostas O foco do reposicionamento do HSL será atender as novas e crescentes demandas decorrentes do envelhecimento da população. Em 2029, o Rio Grande do Sul será o primeiro estado brasileiro a viver uma inversão na pirâmide etária da população. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em nove anos, os gaúchos contarão com mais idosos do que crianças de até 14 anos. Junta-se a isso, o aumento da expectativa de vida que, no RS, chega a 78 anos. Com a mudança na pirâmide etária, há uma profunda transformação no perfil epidemiológico da população e cresce, também, a necessidade de adaptar os serviços de saúde, além de prevenir e tratar as doenças que assumem o topo da lista das causas de mortalidade. Também é necessário formar profissionais de medicina e de outras áreas da saúde para atender esse novo perfil. A PUCRS possui tradição e é reconhecida, internacionalmente, nos estudos sobre envelhecimento humano ,e a intenção é, também, ser referência na assistência a essa fatia da população. Isso requer atualizar a oferta de serviços, privilegiando as áreas que respondem ao novo perfil demográfico, socioeconômico e epidemiológico e descontinuando serviços que vem sendo menos procurados e que contem com outras estruturas adequadas para dar conta da demanda em outras instituições de saúde na capital. “Esse movimento será realizado de maneira responsável, buscando evitar ao máximo impactos negativos no atendimento da população. Trata-se de um olhar conjunto sobre o sistema como um todo, reconhecendo em quais áreas podemos contribuir de forma sustentável e mantendo a qualidade que a sociedade necessita”, destaca o Diretor Técnico, Dr. Saulo Bornhorst. O reposicionamento está sendo construído a partir de um amplo estudo que analisa a demanda recebida pelo Hospital, as projeções de atendimento, a jornada do paciente na instituição, a mudança no perfil epidemiológico da população e o atendimento dos futuros profissionais em formação nas escolas de medicina e de ciências da saúde e da vida, da PUCRS. Trata-se de um esforço conjunto das equipes do Hospital São Lucas, da Universidade, e em diálogo permanente com a Secretaria Municipal de Saúde. As iniciativas para o reposicionamento do Hospital devem acontecer ao longo do primeiro semestre de 2020 e serão detalhadas a todos os públicos envolvidos assim que estiverem claramente definidas. NOVO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO / NOVAS DEMANDAS DA SOCIEDADECRESCIMENTO NA DEMANDA DA ONCOLOGIA – Entre as doenças que passam a liderar as taxas de mortalidade está o Câncer. No RS, 21,76% das mortes são causadas pelo câncer. Em Porto Alegre, o índice chega a 23,11%, números muito superiores à média nacional que é de 16,29% (SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde). O Brasil deve registrar cerca de 625 mil novos casos de câncer por ano de 2020 a 2022. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer (Inca). CRESCIMENTO DO ALZHEIMER e OUTRAS DOENÇAS NEURO-DEGENERATIVAS – Projeções para o ano de 2033 mostram que o maior aumento na Taxa de Mortalidade ocorrerá para Alzheimer e outras demências, que se incrementará em 165,6%, atingindo 21,3 por 100.000 habitantes e situando-se como a oitava mais importante causa de óbito (FIOCRUZ e Ministério da Saúde). CRESCIMENTO DAS INFECÇÕES VIRAIS E BACTERIANAS – A Taxa de Mortalidade pelo grupo das Infecções Respiratórias Inferiores apresentará o segundo maior crescimento, de 118,3%. Esse grupo envolve um conjunto de infecções, tanto de origem viral como bacterianas, que também pode ser bastante influenciado pelo envelhecimento da população, pois os idosos são mais vulneráveis às complicações da influenza e de outros quadros infecciosos (FIOCRUZ e Ministério da Saúde). GLOBALIZAÇÃO DOS NOVOS VÍRUS – Emergência de novos vírus, principalmente a partir da interface humano-animal, exigindo que os países reforcem sua capacidade de detecção rápida e resposta adequada. Ao mesmo tempo, com o avanço dos processos de integração econômica em escala regional e global, com redução de barreiras e facilitação ao trânsito de pessoas e mercadorias, aumenta a possibilidade de disseminação rápida de vírus e bactérias, com importantes repercussões sanitárias e econômicas decorrentes da internacionalização de surtos e epidemias (FIOCRUZ e Ministério da Saúde). REDUÇÃO DA NATALIDADE – No Brasil, tem ocorrido, nas décadas recentes, um conjunto de intervenções que propiciaram o aumento de acesso às ações de saúde, redução da taxa de fecundidade, melhoria de condições sociais, entre outras, produzindo uma redução de 5,5% ao ano no valor da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) nas décadas de 1980 e 1990. Além disso, as taxas de natalidade no Rio Grande do Sul apresentam mais de 30% de redução nos últimos anos e só em Porto Alegre, cerca de 50%, conforme dados do DEE (Departamento de Economia e Estatística) do Estado do Rio grande do Sul